A Gestão Ministerial é um campo interdisciplinar, ou seja, uma área de saber e prática resultado da interação da Teoria Geral da Administração (TGA) com a Teologia.
Muitos pensadores e líderes tentaram desenvolver uma espécie de "Teologia da Administração" ao longo do último século, mas o fato é que a Teologia e a Administração são campos do saber diferentes: cada um possui seus próprios pressupostos e conceitos.
A Gestão Ministerial é um campo interdisciplinar resultado da interação da Administração com a Teologia. Muitos pensadores e líderes tentaram desenvolver uma espécie de "Teologia da Administração" ao longo do último século, mas o fato é que a Teologia e a Administração são campos do saber diferentes: cada um possui seus próprios pressupostos e conceitos.
Logo, o caminho mais promissor é desenvolver uma intersecção entre esses dois campos do saber. Dessa forma, nesta interface entre a Teologia e a Administração nasce um campo interdisciplinar que comumente é conhecido como “Gestão Eclesiástica”, “Administração Eclesiástica” ou “Administração da Igreja”. Pessoalmente, prefiro a expressão “Gestão Ministerial”, pois o objetivo da gestão ministerial não é gerir a igreja local em todas as suas perspectivas, mas apenas no seu aspecto organizacional. Não podemos gerir a vida orgânica, espiritual, a vida do Espírito que pulsa na igreja local, mas apenas os aspectos práticos e organizacionais do ministério.
Utilizo o nome “Gestão Ministerial Total” para reafirmar que este campo interdisciplinar é resultado de um processo teologicamente orientado e responsável, visando aplicar a teoria administrativa corretamente no contexto da igreja e do ministério. Logo, não se trata de uma tentativa de síntese ou mera apropriação da teoria administrativa. É muito importante fazer essa afirmação, pois é exatamente aqui que muitos autores, livros e métodos se perdem.
Estudos vêm mostrando de forma consistente que desde a década de 70 tem havido uma epidemia de doenças emocionais, físicas e psiquiátricas entre os líderes cristãos. Os dados afirmam que nos últimos anos os índices de depressão, estresse, ansiedade, obesidade, hipertensão, exaustão e Síndrome de Burnout alcançaram níveis nunca antes vistos entre líderes cristãos. O que pode estar por trás dessa epidemia?
No último século as igrejas absorveram aos poucos a forma de funcionamento das organizações modernas. Como resultado, se olharmos a igreja pela perspectiva organizacional veremos que até mesmo uma igreja pequena é na prática uma coordenação de diversos departamentos, equipes e projetos. Isto faz das igrejas atuais o que Henry Mintzberg classificou como uma organização de estrutura divisional,[1] ou seja, a organização na verdade é uma nuvem de unidades as quais tem relativa independência entre si, cada qual funcionando como uma micro-organização.
Portanto, ao absorver a mentalidade e a funcionalidade típica das organizações modernas, a igreja local ao mesmo tempo aumentou o seu número de processos enormemente e tornou-se uma organização muito complexa. Mesmo uma igreja com cerca de cem membros é uma organização multifacetada, com diversos processos e extremamente complexa.
Isso faz do pastor um gestor de múltiplas micro-organizações, diversos ministérios, departamentos e equipes, um gerente de gerentes de projetos, um líder de líderes, um verdadeiro CEO no topo de uma cadeia organizacional que dependendo da igreja pode ser verdadeiramente grande. Neste sentido podemos afirmar sem sombra de dúvidas que o pastor acaba tendo o papel de gerenciar, coordenar, organizar, liderar e administrar diversos departamentos, equipes, líderes e gerentes.
O problema é que a maioria dos líderes cristãos não foram devidamente treinados para liderar em um cenário tão complexo. De fato, ao comparar a formação tradicional de um líder eclesiástico – seja ela o seminário ou a faculdade de teologia – e a prática do dia-a-dia do ministério na igreja local veremos essa lacuna. A maioria dos cursos destinados à preparação de líderes para o ministério enfatizam grandemente disciplinas relacionadas a formação teológica, ao preparo de sermões e as tarefas relativas ao ensino e cuidado pastoral. Contudo, na maioria dos casos os conteúdos relativos ao preparo para gerenciar, liderar, planejar, organizar, coordenar e executar são pequenos ou as vezes inexistentes. [2]
E qual é o resultado dessa lacuna? Os resultados são as preocupantes taxas de estresse, estafa, Burnout e desistência entre pastores e clérigos em geral as quais nos referimos no capítulo anterior. Sem o conhecimento e as práticas necessárias para lidar com o volume de trabalho e a complexidade da igreja local, muitos líderes vão sendo vencidos pela rotina difícil do ministério.
[1] MINTZBERG, Henry. The structuring of organizations. Prentice Hall, Englewood Cliffs, 1979.
[2] WELCH, Robert H. Church Administration: Creating Efficiency for Effective Ministry. Nashville: B&H Publishing Group, 2011, p.IX
O objetivo da Gestão Ministerial é capacitar líderes cristãos nas áreas de produtividade, gestão, liderança, estratégia e outros conceitos e práticas do saber administrativo que sejam relevantes para a igreja local. A Gestão Ministerial não visa importar essas práticas para dentro da igreja sem crítica ou revisão, mas tem por objetivo fazer uma aplicação criteriosa por meio de uma sólida cosmovisão cristã.
De acordo com Aubrey Malphurs, “o problema não é o que os seminários evangélicos ensinam, mas o que eles não ensinam. Muitos seminários evangélicos ensinam Bíblia e Teologia, e é imperativo que façam isso. No entanto, muitas vezes eles não fornecem um treinamento sólido nas áreas de liderança, habilidades de gestão de pessoas e pensamento estratégico, e isso é uma preparação deficiente para o ministério no mundo atual que está passando por uma mudança intensa e radical”.[1]
Segundo Robert Welch, os líderes cristãos estão sofrendo no exercício de seus ministérios devido à falta de preparação em áreas relacionadas à gestão, o que por sua vez indica uma lacuna na educação ministerial.[2]
Bruce Powers concorda que as mudanças das últimas décadas tornaram mais claro do que nunca que o cenário atual demanda que os líderes cristãos recebam treinamento adequado nas disciplinas da gestão e da liderança.[3]
Portanto, a Gestão Ministerial visa capacitar líderes cristãos para que sejam melhores líderes e possam alcançar sustentabilidade ministerial com saúde pessoal, espiritual e familiar.
[1] MALPHURS, Aubrey. Advanced Strategic Planning. Grand Rapids: Baker Books, 2013, p.9
[2]WELCH, Robert H. Church Administration: Creating Efficiency for Effective Ministry. Nashville: B&H Publishing, 2011, p.vii
[3]POWERS, Bruce P. (Editor). Church Administration Handbook. Nashville: B&H Publishing, 2008, p.xiii
[4] DUNNING, Martyn Philip. Applying management theory to the local church. 1994. PhD Thesis. Durham University, p.5
Como todo campo do saber, a Gestão Ministerial deve ser aprendida indo dos conteúdos mais simples e básicos em direção aos conteúdos mais complexos e difíceis.
Um grande erro é tentar dominarmos habilidades de gestão mais complexas sem antes compreendermos e dominarmos habilidades mais básicas.
Dê uma olhada a seguir no processo que utilizamos para ajudar você a se desenvolver de forma eficaz nos conhecimentos e habilidades da Gestão Ministerial.
O ponto de partida é a autoliderança, o desenvolvimento das habilidade de produtividade pessoal e auto gestão para que o líder se torne um propulsor e um modelo para os que estão à sua volta.
As competências de gestão são essenciais para que o líder possa organizar, delegar, coordenar, acompanhar e gerenciar visando a tornar a igreja local eficiente em todas as suas frentes.
As competências de liderança são essenciais para que o líder possa definir e comunicar uma visão apaixonante e motivar as pessoas para que possam perseguir juntos a missão da igreja local.
A reflexão estratégica é a arte mais conceitual e refinada do líder da igreja local, uma competência essencial para que cada igreja possa descobrir sua missão específica e envolver a todos na realização dessa missão.
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