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Este é o primeiro artigo do site e tem um objetivo simples e bem definido: apresentar pra você a gestão ministerial. Queremos falar sobre o que é, para que é, por que é e como.

O que é? A Gestão Ministerial é um campo do conhecimento que ocorre na intersecção da Teoria Geral da Administração com a Teologia, especialmente a Eclesiologia. Dessa forma, é a correta aplicação da gestão no contexto da igreja local.

“Um campo do conhecimento na intersecção da Teologia e da Teoria Geral da Administração.”

E para que é? Nas últimas décadas vimos o ministério se tornar um grande desafio, pois cada vez mais os líderes cristãos são confrontados com a necessidade de conhecer e dominar técnicas de liderança, gestão, produtividade e estratégia a fim de servir de maneira eficaz suas igrejas locais.

Contudo, nas últimas décadas inúmeras obras tem demonstrado a existência de uma lacuna na formação dos líderes eclesiásticos justamente nas áreas relacionadas à gestão organizacional. Esta lacuna acaba acarretando prejuízos para a igreja local, para o próprio líder e para a sua família.[1]

O nosso propósito, portanto, é disseminar conhecimentos, práticas, técnicas e ferramentas de gestão organizacional no contexto da igreja local a fim de capacitar líderes cristãos e ajudar a igreja local a desenvolver seu pleno potencial.

Por que? Afinal, por que dedicar um espaço para a discussão sobre as possibilidades de aplicação da gestão no contexto da igreja local? A resposta é que tem havido uma longa e calorosa polêmica sobre a intersecção entre a teoria administrativa moderna e a teologia – mais especialmente a eclesiologia – e nosso objetivo é dar uma colaboração para esclarecer esta polêmica e oferecer possibilidades de relacionar estes dois saberes.

A principal polêmica neste campo tem sido por muitos anos a questão fundamental: é possível ou não aplicar os conhecimentos, técnicas e ferramentas do mundo organizacional no contexto da igreja?

Martyn Philip Dunning afirma que em resposta a esta questão surgiram duas posições extremas tanto na academias quanto entre praticantes: a primeira posição vê com receio ou ignora totalmente a possibilidade de aplicação da gestão na igreja considerando sua natureza secular; a segunda posição faz a aplicação dos conteúdos e práticas de gestão sem qualquer crítica ou análise mais profunda, tendo em vista sua utilidade.[2]

Assim, “ao longo destes debates a literatura sobre gerenciamento geralmente é percebida como um recurso de valor inestimável – a resposta para quase todos os problemas da igreja! – ou como uma ameaça potencial a vida espiritual e vitalidade tanto dos líderes como da igreja em uma era cada vez mais secularizada”.[3]

Na última década têm surgido cada vez mais pesquisadores e praticantes talentosos, todos interessados em conciliar as polêmicas desta área e bons artigos têm sido publicados na última década.[4]Contudo, ainda há muito para se fazer no sentido de desenvolver e aprofundar o diálogo interdisciplinar entre a administração e a teologia.

Como? Não é possível responder completamente sobre como é possível relacionar a administração moderna com a teologia cristã neste pequeno texto, pois a reposta completa nos levaria muito mais longe do que podemos ir aqui.

No entanto, é possível dizer de forma bastante breve que para relacionar a gestão organizacional e a igreja local é necessário construir um diálogo saudável e próspero entre o saber teológico e a teoria geral da administração.[5]

Alister MacGrath destaca que esse diálogo entre a teologia e as ciências naturais é construído sobre a reflexão sistemática e profunda dos pontos de convergência e pontos de divergência.[6] Em que a administração moderna e a teologia possuem a mesma visão de mundo? Em que aspectos essas disciplinas divergem? É essa análise dos chamados “pressupostos epistemológicos” que está na base do método da Gestão Ministerial. Mas isso é um papo longo para um outra hora…

Espero que você se sinta mais a vontade depois de ler este breve artigo e possa explorar os próximos!

Até a próxima!

Soli Deo Gloria.


[1] ANTHONY, Michael; ESTEP, James R. (ed.). Management essentials for Christian ministries. B&H Publishing Group, 2005; WIMBERLEY, John W., Jr. The Business of the Church: The Uncomfortable Truth that Faithful Ministry Requires Effective Management. Alban Institute, 2010; BACHER, Robert; COOPER-WHITE, Michael L. Church administration: Programs, process, purpose. Fortress Press, 2007.

[2] DUNNING, Martyn Philip. Applying management theory to the local church. 1994. PhD Thesis. Durham University, p.5

[3] DUNNING, Martyn Philip. Applying management theory to the local church. 1994. PhD Thesis. Durham University, p.5

[4] CORMODE, S. (2002). Multi-Layered Leadership. The Leader as Builder, Shepherd, and Gardener. Journal of Religious Leadership, 1 (2), pp/ 69-104; FRANK, T. E. (2006). Leadership and Administration: An Emerging Field in Practical Theology. International Journal of Practical Theology, 10, pp.113-136; NELL, I. A. (2014). Teaching leadership and administration at a faculty of theology: practical-theological reflections. Scriptura, 113(1), pp.1-18

[5] MCGRATH, A. Enriching our Vision of Reality: theology and the natural sciences in dialogue. London: SPCK, 2016, p.IX

[6] MCGRATH, A. Enriching our Vision of Reality: theology and the natural sciences in dialogue. London: SPCK, 2016, p.79-96

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