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Se você é um líder cristão é bem provável que sua saúde, seu casamento, sua família, seu ministério e sua própria vida estejam em perigo exatamente agora. Soa catastrófico ou exagerado?

Em um artigo da New York times de 2010 o colunista Paul Vitello relatava uma crescente onda de obesidade, hipertensão e depressão entre clérigos norte-americanos. No mesmo artigo, Vitello afirmou que pesquisas indicaram que o uso de antidepressivos entre clérigos tem aumentado e a expectativa de vida tem diminuído. [1]

Em maio do mesmo ano de 2010 a Universidade de Duke publicou os resultados de um estudo que havia iniciado em 2007 com a participação cerca de 1.726 Ministros Metodistas da Carolina do Norte. Comparados as pessoas do mesmo extrato de idade, os pastores mostraram taxas mais altas de artrite, diabetes, hipertensão, asma e obesidade.

Em 2005 a Comissão de Pensões da Igreja Presbiteriana dos Estados Unidos apontou que o número de ministros que deixam o ministério nos primeiros 5 anos de ordenação praticamente quadruplicou quando comparado com os números de 1970.[2]

Dados recentes apontam que 45% dos pastores já experimentaram depressão ou passaram pela Síndrome de Burnout – uma profunda exaustão relacionada ao trabalho que leva a depressão.[3] Pesquisas atuais também apontam que 75% dos clérigos entrevistados reportaram altos níveis de stress no exercício de suas funções ministeriais[4] e Instituições como LifeWay e o Instituto Francis Schaeffer tem provido relatórios consistentes e sempre atualizados demonstrando que o número de pastores que abandonam seus postos tem aumentado enormemente a cada década.

“Dados recentes apontam que 45% dos pastores já experimentaram depressão ou passaram pela Síndrome de Burnout – uma profunda exaustão relacionada ao trabalho que leva a depressão”

No Brasil tem havido um crescente interesse sobre o assunto. Pérsio de Deus relata os resultados de uma pesquisa que revelou índices alarmantes de depressão em pastores brasileiros, trazendo amostras de pastores presbiterianos, batistas e assembleianos.[5] Pinheiro e Lipp investigaram stress ocupacional entre pastores e pastoras metodistas e relatam que “50% dos participantes apresentam alto nível de stress e 64,5%, má qualidade de vida no que tange à questão da saúde”.[6]

Pinheiro e Lipp investigaram stress ocupacional entre pastores e pastoras metodistas e relatam que “50% dos participantes apresentam alto nível de stress e 64,5%, má qualidade de vida no que tange à questão da saúde”

Estes dados parecem descortinar uma epidemia sem precedentes de stress e burnout entre clérigos e líderes eclesiásticos, mas o fato é que diversos estudos e pesquisas vieram relatando o stress crescente entre líderes cristãos desde a década de 70[7] e se intensificaram na década de 80[8].

Em 1988 a Igreja Reformada Unida publicou um estudo sobre “Stress no Ministério”, no qual revelou que diversos ministros estavam relatando alto nível de stress no exercício de seus ministérios.[9] O relatório afirmava que o alto nível de stress estava relacionado a exaustão devido a carga de trabalho, frustração e desapontamento com a congregação, dificuldade de dizer “não” e de delegar, expectativas irreais com relação ao ministério, tentativas de agradar a todo mundo e outros fatores. É até engraçado ler isso, pois trinta anos passados vemos o mesmo quadro e ouvimos as mesmas queixas. Parece uma pesquisa recém saída do forno!

As últimas décadas não deixaram de relatar crescentes níveis de stress entre pastores[10] e nosso vocabulário ganhou uma palavra nova: Burnout. A chamada Síndrome de Burnout (em inglês significa “combustão completa”) aparece em pessoas com jornada de trabalho exaustiva e estressante e os principais sintomas são exaustão, desânimo com o emprego, estafa emocional, mudanças bruscas de humor e insatisfação extrema com a vida aliada a uma avaliação negativa de tudo, podendo culminar em depressão.

Diversos estudos tem alertado para o fato de que a Síndrome de Burnout tem atingido em cheio os líderes de igrejas locais,[11] trazendo efeitos devastadores para sua própria integridade mental e física e também para a saúde de suas famílias, bem como tristeza e angústia para suas comunidades. Alguns estudos relatam casos de Burnout ainda nos primeiros meses de ministério na igreja local,[12] demonstrando que mesmo líderes com poucos meses ou anos de exercício ministerial estão susceptíveis a fadiga, exaustão e depressão.

Não é a toa que nas últimas décadas só engrossaram as estatísticas dos líderes de igrejas locais que deixaram o ministério devido a stress, fadiga, exaustão e Burnout.[13]

Durante algum tempo mantivemos em nosso imaginário a ideia de que stress e Burnout são exclusivos dos pastores que vivem em cidades grandes. Sabemos que os pastores que vivem em grandes centros estão sob a intensa pressão da rotina das metrópoles, mas o fato é que os mesmos níveis de stress, cansaço e depressão tem atingido pastores em comunidades no interior dos países e nas cidades pequenas.

O fato é que todos nós sabemos o que é acordar pela manhã pensando se vamos conseguir chegar inteiros no final do dia ou da semana.

Por que o ministério tem se tornado algo tão perigoso e o que podemos fazer a respeito?

A cada ano o ministério se torna um desafio maior e maior e as pesquisas só confirmam o que já sentíamos há algum tempo: somos uma geração de líderes cristãos pressionada ao máximo e muitos de nós estamos vivendo em um cenário extremamente perigoso.

Sua saúde, seu casamento, sua família ou seu ministério estão em perido? Sua vida está em perigo?


Por que o ministério tem se tornado algo tão perigoso e o que podemos fazer a respeito?

[1] VITELLO, Paul. Taking a Break From the Lord’s Work. Disponível em <<http://www.nytimes.com/2010/08/02/nyregion/02burnout.html>>. Acessado em 25 de junho de 2017.

[2] VITELLO, Paul. Taking a Break From the Lord’s Work. Disponível em <<http://www.nytimes.com/2010/08/02/nyregion/02burnout.html>>. Acessado em 25 de junho de 2017.

[3] Dados do website << http://www.pastorburnout.com/pastor-burnout-statistics.html>>. Acessado em 25 de junho de 2017.

[4] London, H. B., & Wiseman, N. B. (2003). Pastors at greater risk. Ventura: Gospel Light Publications.

[5] DEUS, P. R. G. de (2009). Um estudo da depressão em pastores protestantes. Revista Ciências da Religião-História e Sociedade7(1).

[6] PINHEIRO, Cesar Roberto; NOVAES LIPP, Marilda Emmanuel. Stress ocupacional e qualidade de vida em clérigos (as). Boletim Academia Paulista de Psicologia, 2009, 29.1.

[7] MILLS, Edgar Wendell; KOVAL, John P. Stress in the ministry. Ministry Studies Board, 1971.; HARRIS, John C.; HAHN, Celia A. Stress, power and Ministry. Alban Institute, 1979.

[8] REUTER, Alan C. Stress In the Ministry: Can We Fight Back?. Currents in Theology and Mission, 1981, 8.4: 221-231; HARRIS, John C. Stress, power and ministry: an approach to the current dilemmas of pastors and congregations. Alban Institute, 1982; COATE, Mary Anne. Clergy stress: The hidden conflicts in ministry. SPCK, 1989.

[9] DUNNING, Martyn Philip. Applying management theory to the local church. 1994. Tese de Doutorado. Durham University, p.151

[10] BERRY, Amanda, et al. Ministry and stress: Listening to Anglican clergy in Wales. Pastoral Psychology, 2012, 61.2: 165-178; HAN, Jin; LEE, Cameron. Ministry demand and stress among Korean American pastors: A brief report. Pastoral Psychology, 2004, 52.6: 473-478.

[11] DAVEY, John. Burnout: Stress in the ministry. Gracewing Publishing, 1996; SNIDLE, Heather. Burnout and ministry: reflections on a case. Contact, 1995, 116.1: 23-30; LEWIS, Christopher Alan; TURTON, Douglas W.; FRANCIS, Leslie J. Clergy work-related psychological health, stress, and burnout: An introduction to this special issue of Mental Health, Religion and Culture. Mental Health, Religion & Culture, 2007, 10.1: 1-8; JACOBSON, Jodi M., et al. Risk for burnout and compassion fatigue and potential for compassion satisfaction among clergy: Implications for social work and religious organizations. Journal of Social Service Research, 2013, 39.4: 455-468.

[12] MINER, Maureen H. Changes in burnout over the first 12 months in ministry: Links with stress and orientation to ministry. Mental Health, Religion & Culture, 2007, 10.1: 9-16; MINER, Maureen H. Burnout in the first year of ministry: Personality and belief style as important predictors. Mental Health, Religion & Culture, 2007, 10.1: 17-29.

[13] PALMER, Alan G. Clergy stress, causes and suggested coping strategies. 1998.

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